Mas para sentir Campina é preciso ir além das estatísticas. É preciso serpentear pelo barulho do Calçadão da Cardoso Vieira, no centro da cidade, e fazer uma pausa para o café. É ver o músico Biliu atravessando a Praça da Bandeira, ostentando camisa xadrez e barba alva, cumprimentando os senhores que jogam pacientemente nos tabuleiros improvisados nos bancos, espantando os pombos. Viver Campina é apreciar o pôr-do-sol ao caminhar no Açude Velho, ver o céu refletido no Museu dos Três Pandeiros, é o domingo reservado para o clássico Treze x Campinense no estádio ‘O Amigão’. É piquenique no Parque da Criança, é a ansiedade e o reencontro com amigos antes de assistir algum espetáculo no Teatro Municipal Severino Cabral.
Conhecer Campina é carimbar passagem na Feira Central, respirar fundo o cheiro dos temperos nos tabuleiros, é tirar foto na estátua de Jackson do Pandeiro ou nos ‘Tropeiros da Borborema’, é admirar o ecumenismo do Encontro para a Nova Consciência no carnaval. É ter fôlego para aguentar os 30 dias de festa do Maior São João do Mundo e poucas semanas depois achar normal ver a cidade se transformar em referência da música erudita com o Festival Internacional de Música - eleito pela revista Época em 2012 como um dos festivais que transformam a realidade econômica e cultural de sua cidade. Campina é feira de moda e imóveis, é ponto de encontro de empresários, é cidade universitária, com calouradas e música experimental.
Saber de Campina é reservar um tempo para visitar o Museu do Algodão (a cidade chegou a ocupar, nos anos 40, o segundo lugar na exportação mundial desse produto) e rever a ‘Maria Fumaça’ que contribuiu para os primeiros acordes da economia local e continua imponente. É se permitir um passeio no Museu Assis Chateaubriand (MAC) e se deparar com uma exposição fixa de quadros de Portinari, Pedro Américo e Anita Malfatti. É saber que a cidade exporta softwares para Espanha, México e Estados Unidos.
Campina é o cosmopolitismo e a convivência pacífica entre passado e presente, entre desfiles de 7 de Setembro, missa de domingo na Catedral, procissão, grupos de motoqueiros, vaquejada e eventos envolvendo a indústria de jogos digitais. Tudo assim: misturado e ‘Made in CG’.